
Porém, essa beleza apolínea só será alcançada através da consciência da nossas naturezas de luz e de sombras: E mais do que ter consciência desses aspectos do nosso espírito, é sabermos trabalhar nossas Vontades de acordo com isso. Quando Apolo e Dionísio degladeiam-se entre si, e depois disso surge um acordo, surge então a sophrosyne, a justamedida, o equilíbrio.
A dificuldade de compreensão dessas noções está no fato de que os homens da nossa sociedade têm a necessidade de bipolarizar a natureza, dividindo-a em bem e mal, certo ou errado, divino e demoníaco. Mas para alcançar a concepção de justamedida dos gregos, devemos abrir mão dessas concepções: se nem os próprios deuses são bons ou justos, porque os demônios, por exemplo, teriam de ser o contrário disso?
Alcançar a sophrosyne é um trabalho árduo, do qual sem sombra de dúvidas particularmente ainda não alcancei, mas não desisto de tentar. Não acredito que seja diferente de ser como a água de um rio que flui, que na medida em que as pedras mudam de forma frente ao atrito das águas, também o rio muda seu percurso. Alcançar a sophrosyne é ter consciência de nossa humanidade, que ao mesmo tempo em que pode ser divina, pode igualmente ser falha. É saber andar entre os mundos, como dentro de um Círculo.
¹ Texto publicado concomitantemente no blog Divinare.
Detalhe de Morpheus e Iris (Guerin Pierre Narcisse, 1811).
2 comentários:
Tenho buscado a Temperança através do Eremita... e esse caminho, graças aos Céus e Infernos, não terá atalhos.
Acho que só quem consegue alcançar esse equilíbrio absoluto são aquelas pessoas de natureza muito meditativa, contemplativa e tal.
Outras pessoas acabam... se voltando mais pra algum lado do que pro outro, vamos dizer assim.
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